Artigo
Será que consigo um emprego com este curso?
Muitos jovens a entrar para a universidade debatem a questão da empregabilidade dos seus cursos. Os que escolhem os cursos por serem áreas nas quais têm interesse arrependem-se por não serem áreas em demanda quando graduam; aqueles que escolhem o curso por estar em demanda ou sentem-se miseráveis por estarem a estudar algo por que não têm interesse e que também pode já não estar em demanda quando terminam o curso.
Felizmente, já não estamos numa era em que o curso que escolhemos é que determina a nossa empregabilidade. Com excepção de algumas áreas como a medicina, algumas engenharias, etc, áreas com requerimentos técnicos muito específicos, a tua área específica de formação não é o factor determinante para a tua empregabilidade.
O que determina a empregabilidade?
Fazer compromissos a longo prazo
Mais do que uma demonstração de habilidades, o significado de uma licenciatura para um empregador é simplesmente que o candidato teve a perseverança e persistência para iniciar e concluir uma actividade que levou 4 ou 5 anos a executar. Eles querem ter a garantia de que o candidato é capaz de fazer compromissos a longo prazo (compromissos como dedicar-se a uma empresa a longo prazo).
Adquirir experiência
Mesmo quando se tem uma formação numa área, muito daquilo que serão as tuas funções no local de trabalho terás de aprender do zero. Por mais que tenhas sido o melhor aluno da turma, ao entrares pro mercado de trabalho, acabas tendo que aprender tudo de novo. Claro, há muitos conceitos técnicos que uma formação académica formal dá mas se não te envolves em ambientes onde podes testar esses conhecimentos, os conceitos que aprendeste de nada te vão servir.
Flexibilidade do curso
Muitos cursos têm conhecimentos que podem ser aplicados em várias áreas e em diferentes indústrias. Um contabilista não é obrigado a trabalhar somente numa empresa de contabilidade e auditoria; tudo o que é negócio precisa de um contabilista e este pode até fornecer serviços financeiros a tipos de negócios específicos e estabelecer um nicho no mercado. Escolher um curso que nos permite trabalhar em mais de uma área aumenta o factor empregabilidade mas nós também devemos fazer um trabalho interior de abrir mão da visão limitada que temos daquilo que será o nosso emprego de sonhos. Muitas vezes, mesmo tendo uma formação num curso flexível, nós idealizamos tanto aquilo que será o emprego que queremos que deixamos de ver as possibilidades que o curso oferece.
Contexto económico
Olhar para o contexto do país onde estás inserido também é importante. Há certos cursos que realmente não fazem sentido para alguns países. Uma pessoa que vive no polo norte e cursa agricultura pode não ter mercado nenhum e a menos que essa pessoa tenha intuito de se mudar para um país onde a agricultura é viável, não faz muito sentido tirar aquele curso. Não digo que devemos estudar somente as áreas que têm utilidade visível no contexto onde nos inserimos, sugiro apenas que analisar o contexto económico do país onde pretendemos viver, ter a sensibilidade de prever ou procurar dados que ilustrem a direcção que o mercado de trabalho está a tomar são suplementos vantajosos na escolha do curso que vamos fazer.
Soft skills
Saber comunicar, trabalhar em equipa, proactividade em identificar e resolver problemas, pontualidade, etc., são habilidades que, infelizmente, ainda não são ensinadas na maioria dos nossos cursos universitários mas que contam muito no momento de concorrer a uma vaga. Além disso, podemos ter todas as habilidades do mundo, vários cursos feitos e diplomas adquiridos mas se não soubermos apresentar essas habilidades todas num CV cativante e bem estruturado, não soubermos escrever uma carta de apresentação curta, concisa e relevante e não soubermos nos comportar durante a entrevista, se não soubermos nos “vender”, de nada vai valer todo o esforço que fizemos para nos formar.
De uma forma resumida, empregabilidade sempre vai haver se escolheres um curso que gostas, investiga áreas não convencionais onde tal curso pode ser aplicado, pesquisa o contexto económico do meio onde te inseres, foca-te em adquirir algum tipo de experiência e suplementa a tua formação académica com soft skills, que são universalmente um factor relevante para os empregadores.
Se esta informação foi útil, vê também as publicações abaixo!
“Vai haver sempre uma porta aberta para o profissional que se destacar” – Entrevista com Marlene de Sousa